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19 de mar. de 2014

Tic tac

E o tempo passa, tic tac. É engraçado como eu não consigo ouvir mais nada, além do meu coração soprando sussurros de alguém que sofre em silêncio. Vista embaçada, ouvidos abafados, respiração acelerada, sem a presença da voz, lágrimas? Confere! E foi assim que começou a dor de amor, ou será que foi a dor de amar, amar e não ser correspondido, amar e ser correspondido, mas não saber amar?
Tic tac. O tempo passou. O tempo ainda passa. Mas não passou aquilo que o tempo deveria ter levado. Desabo em minha própria construção de pau e pedra. Quis assim, castelinho de areia era muito clichê. A minha própria construção de pau e pedra me derrubou, mas eu cai em cima dela. Minha própria construção de pau e pedra me machucou.
Para aprender a andar de bicicleta, é preciso ralar o joelho. O mesmo acontece no amor. Para se amar, precisamos de cicatrizes, assim daremos valor ao próximo amor. Mesmo assim, amar e desistir não são palavras que cabem numa mesma frase. E mesmo assim, desistem do amor, de amar, de ser amado.
Vamos patrocinar a dor. Vamos patrocinar o cansaço e a espera. Vamos patrocinar o nada, o silêncio que te afoga durante a noite em teu próprio pensamento. Que te leva a loucura, que te extasia, que te paralisa e que ali fica.
Tic tac, tic tac. Eu escuto meu relógio na beirada da cômoda. Eu procuro paz. Eu me esqueço da realidade. Eu sou a realidade. O que é a realidade? O que sou eu? O que devo ser? Quem é você?
Perguntas, tic tac. Mais perguntas, menos "tic tac". Mais respostas, menos perguntas, menos tic tac. Menos de você em mim. Eu sou você. Você não sou eu. O que é, pode ser, mas o que pode ser, não é.
Retórica complexa: vida. Eu. Você. Pior ainda? Nós. Um texto sem pé nem cabeça. Nós. Uma música sem refrão. Nós. Um mistério sem solução. Nós. Um quebra-cabeça sem peças. Nós. O que somos? Não somos nada. Somos tudo. Somos um flash no escuro. Que, do nada, ilumina tudo, mas que dura apenas alguns segundos. Somos o chão que pisamos. O mesmo chão que nos faz tropeçar é aquele que nos segura. O que se pode fazer com um círculo e um quadrado? Eles não se encaixam. Eles não se completam. Assim sou eu e você. Água e óleo. Não se misturam. Não se completam, não se equilibram. Apenas dois componentes, num mesmo pote, sob o mesmo efeito, sem nenhuma reação.